Nome original: The Book of Genesis
Nome brasileiro: Gênesis por Robert Crumb
Nota: ★★★★★
Publicação: 2009
Licenciador e autor: Robert Crumb
Editora: Conrad
Categoria: Álbum de Luxo
Gênero: Alternativo
Número de páginas: 226
Formato: (21 x 28 cm)
Produto: Preto e branco/Capa dura
Gênesis se trata da reprodução fiel e ilustrada de
cada palavra do texto original do primeiro livro da bíblia referente a
criação do universo; os sete dias da criação; Adão e Eva; Noé, toda sua
linhagem e tantas outras histórias antigas que há nele. Isso
mesmo, os 50 primeiros capítulos do Gênesis foram adaptados
impecavelmente para os quadrinhos por um dos maiores ícones do
underground. Para isso, o mestre desenhista Robert Crumb no ápice da sua
habilidade artística - como ele mesmo disse na introdução do livro -
fez uma pesquisa profunda da obra que se inspirou à interpretar e que em
alguns trechos se aventurou em pequenas interpretações próprias, mas
apenas para deixar alguns termos bíblicos mais claros. Contando com a
ajuda de amigos,
profissionais e estudiosos, Crumb retratou com o máximo de fidelidade
tanto o texto literário quanto a realidade da época. Foi um árduo estudo
de quatro anos sobre a época, costumes e interpretação bíblica.
Uma obra bíblica ser interpretada e ilustrada por um indivíduo descrente
de qualquer religião gerou um contraste, ocasionando uma certa polêmica
na sociedade. Enquanto os religiosos fervorosos trucidam a obra, os fãs
de quadrinhos e devotos de Robert Crumb se deleitaram com o trabalho.
Independente à crítica religiosa, é uma obra magnífica e uma verdadeira
relíquia no mundo dos quadrinhos. Diferente dos outros trabalhos de
Crumb, não é caracterizado pela imoradilade, perversão, ironia e
sarcasmo, mas esta obra, em particular, se destaca das outras pela
intensa pesquisa realizada, que se faz perceptível durante a leitura.
Crumb disse
que a ideia de representar Deus dessa forma gnóstica veio através de um
“poderoso sonho” que teve no ano 2000 “no qual vi Deus e ele tinha essa
aparência”
Em um trecho de entrevista concedida por Robert Crumb a Fernando Eichenberg em Paris e publicada pela revista “+ Soma” (disponível em http://www.maissoma.com/2010/2/26/robert-crumb), Crumb responde a seguinte questão:
Você se define como gnóstico?
Gnóstico é alguém que busca o conhecimento de Deus. Sou alguém em busca desse conhecimento. Não tenho a pretensão de dizer que possuo algum conhecimento, mas o procuro.uando você medita, tenta compreender a natureza da realidade, da nossa existência, da vida. Tenta unificar o todo da vida. Isso é muito gnóstico. Existe um texto gnóstico descoberto nos anos 1940, chamado “Nag Hammadi”, que é muito interessante. Fui bastante reprimido. A Igreja cristã e outras não gostavam de gnósticos – é algo muito vago, solto, sem doutrina suficiente. Os primeiros católicos se doutrinaram muito rapidamente. Queriam verdades absolutas, e todos que não concordavam com essas verdades eram excomungados. Por volta de 300 d.C., um bispo decidiu que todos que não reconhecessem Jesus como a encarnação de Deus não eram cristãos. Foi aí que começou o conflito em torno da heresia e dos hereges, de quem discordava da Igreja, milhões de pessoas perseguidas ao longo dos séculos. Ser gnóstico é não se limitar e não ter doutrinas. É diferente de ser agnóstico. Agnósticos duvidam da existência de Deus. Não são exatamente ateus, mas é um jeito de dizer “isso não é comigo”. Mas os gnósticos são interessados e praticam essa busca, na forma de meditação.
Você medita?
Sim, tento meditar todos os dias. Às vezes estou muito ocupado e não consigo, mas tento meditar todos os dias. É algo muito benéfico e útil.O produto final elaborado pela editora Conrad ficou impecável, além da capa dura de luxo, o livro traz comentários do próprio autor sobre os capítulos ilustrados, com detalhes sobre a sua interpretação dos textos bíblicos e notas sobre a tradução para ajudar a esclarecer alguns trechos da tradução da obra original em inglês para o português.