sábado, 29 de dezembro de 2012

Um Rei em Nova York, 1957, Charles Chaplin

Um Rei em Nova York (A King in New York) -
★★★★★
Reino Unido, 1957
Charles Chaplin

O longa foi o primeiro filme realizado após um longo período de exílio na Europa para fugir do encalço político sofrido nos Estados Unidos, onde o ator e diretor trabalhou durante quatro décadas. A perseguição política e ideológica insistia em acusá-lo de "agente do comunismo" e "artista subversivo", obrigando ele e a sua família a se distanciarem do país, isso bastou para que o ator-diretor fizesse uma crítica ácida, mas bem humorada aos EUA.
O filme mais rebelde de Chaplin trata-se de uma comédia farsesca sobre um monarca exilado por uma revolução, que chega aos EUA e descobre que todos seus bens foram furtados, mas além disso ele se descobre antiquado perante aos novos comportamentos da sociedade. Entretanto, em vez de adotar um discurso rabugento em relação ao presente, o filme prefere a provocação.
Em sua primeira saída pelo país, o rei Shahdov descobre o cinemascope e o rock and roll. Por meio dessa observação, Chaplin critica o culto às celebridades disseminado, à época, pela televisão. Shahdov, embora esteja pobre, ainda é tratado como rei e perseguido pela agente de publicidade e especialista em TV, Ann Key. A jovem angelical (Dawn Addams) seduz e defrauda o rei para que ele se submeta às inúmeras publicidades televisivas ao seu lado. Em nome de sua sobrevivência em um luxuoso hotel, o rei é convencido a aceitar o papel de garoto-propaganda se sujeitando até a uma cirurgia plástica para parecer mais jovem.
Na segunda parte o filme ganha um tom audacioso quando o rei encontra Rupet Macabee (Michael Chaplin), um menino de convicções esquerdistas que discursa um verdadeiro 'jato verbal comunista'. O garoto de 10 anos é o personagem sob o qual Chaplin apresenta toda sua malícia entalada na garganta, como a argumentação comunista e sua oposição ao marcatismo.
"Peça injuriosa e deprimente ao povo norte-americano? [...] Ao contrário, essa crítica em causa própria só engrandece seu cinema, suas artes, só dignificou o pensamento livre e a sua livre expressão, através do homem dos Estados Unidos.",
B.J. Duarte, Folha de S. Paulo, 9 de novembro de 1960.

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