1937 - Brassaï e seu gato
Embora Brassaï tenha um grande leque artístico, vou focar sua carreira como fotógrafo - período de sua vida em que posicionava-se em direção às belas artes. Sua relação com a câmera começou quando trabalhou como jornalista em Berlin e, posteriormente, em Paris. O fato de ter começado a frequentar as rodas de artistas e escritores, o inspirou a ver a vida enquadrada. Percebe-se a paixão de Brassai pelo movimento, pelas faces desavisadas e pelos passos errantes nas ruas da cidade.
O talento de Brassai o fez um dos mais conceituados fotógrafos da alta sociedade francesa e dos seus eventos, assim como de artistas e intelectuais que frequentavam a cidade. Em 1932 publicou Paris à noite, um belíssimo trabalho que garantiu a fama do fotógrafo e é considerado um clássico, não apenas no que diz respeito à delicada técnica de se fotografar na penumbra da noite, mas como exemplo de ensaio primorosamente executado. Entre fevereiro e março deste ano, a Aliança Francesa levou a algumas capitais do Brasil uma exposição com imagens dessa célebre série. Segundo Yann Lorvo, diretor geral da instituição no país, “Brassaï soube com gênio e poesia captar e desvendar o segredo da luz e da noite. Essa visita em preto e branco nos bastidores da Cidade Luz se dá numa hora em que ‘todos os gatos são pardos’ e o tempo está suspenso para que os segredos e as paixões proibidas possam se expressar, numa versão parisiense inédita da Comédia Humana”.
Matisse
1944 - Picasso e Jean Marais posando como modelo
Biografia
George Brassaï, heterônimo de Gyula Halász, percorreu por todas possibilidades culturais do séc. XX, foi fotógrafo, escultor e cineasta, mas foi como fotógrafo que adentrou na galeria dos artistas mais influentes dá história. Nasciso em 1899, em Brassó, Transilvânia, região romena então sob domíno da Hungria, o fotógrafo só veio a ter seu nome artístico em 1932, quando já residia em Paris, cidade que escolheu para viver. Em Budapeste, com 18 anos frequentou aulas de belas artes de Mattis Tetsch. Ambicioso, partiu para Berlim e se diplomou na Academia de Belas Artes onde conheceu o húngaro Moholy-Nagy.
Em Paris, acabou se tornando jornalista para se manter, colaborando com um diário húngaro e revistas alemãs. Além de garantir sua sobrevivência realizando suas reportagens, Brassai frequentava a boêmia noturna, cercado de grandes artistas e entre eles o fotógrafo Eugène Atget, que influenciaria a parte final de sua obra. Somente após quatro anos a sua chegada a Paris, Brassaï começou a flertar com a fotografia, inicialmente com o intuito de ilustrar seus textos e desde então foi se interessando pela arte de fotografar. Inicialmente fotografava objetos em um darkroom que improvisou no quarto de hotel onde vivia. As primeiras fotograficas de Brassaï foram tiradas com uma máquina emprestada e, pouco depois, o fotógrafo adquiriu a sua famosa Voightlander, a câmera fotográfica que o acompanharia por muitos anos.
Fascinado pela vida noturna, registrou o seu encanto pela sociedade que frequentava os bares e as ruas parisienses, representou através de suas fotos os costumes de uma Paris em
declínio e seus personagens como prostitutas, guardas noturnos, bêbados,
namorados, que resultou no trabalho 'A Paris Secreta dos anos 30' e no livro 'Paris de Nuit'. Em 1932 Brassaï fotografou os grafitti nas paredes de Paris, um trabalho fortemente divulgado na revista surrealista Minotaure.
Em 1937 começou a trabalhar na revista Haper's Bazaar, que publicava seus ensaios sobre artistas e personagens. Outro aspecto interessante na vida do fotógrafo foi a sua amizade com o pintor Pablo Picasso, da qual resultou o livro Conversations avec Picaso (1965). Recebeu um convite para fotografar suas esculturas e se envolveu com o movimento surrealista ao colaborar com o jornal Minotaure, com fotografias de grafites em muros - 'A Linguagem dos Muros'. Após a morte de Carmel Snow, editor da revista Harper's Bazaar, em 1962, Brassaï abandona a fotografia para se dedicar à impressão e edição do seu trabalho.
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