Coincidentemente estou iniciando a leitura de 'Sobre Fotografia' justamente no dia do fotógrafo. O livro de Susan Sotang, renomada escritora, critica de arte e ativista dos Estados Unidos, lançado originalmente em 1977, excede o campo da fotografia, dialoga com a filosofia e a sociologia, com a estética e a história da arte.
O que me chamou a atenção no primeiro capítulo intitulado 'Na Caverna de Platão' - além, é claro, das definições impecáveis do que a significa fotografar, das diferentes significâncias da fotografia como um registro histórico cultural, político e social - são as citações de filmes correlacionados a fotografia e a ação de fotografar. Esbocei uma lista com todos os filmes citados no primeiro capítulo:
1963 - Les Carabiniers, pt Tempo de Guerra de Godard
Dois lúpen-camponeses preguiçosos são induzidos a ingressar no Exército do rei mediante a promessa de que poderão saquear, estuprar, matar ou fazer o que bem entenderem com os inimigos, e ficar ricos. Mas a mala com o butim que Michel-ange e Ulysse trazem, como triunfo, ´para casa, anos depois, para suas esposas, contém apenas centenas de cartões-postais de monumentos, de lojas de departamentos, de mamíferos, de maravilhas da natureza, de meios de transporte, de obras de arte e de outros tesouros catalogados de todo o mundo. O chiste de Godard parodia, nitidamente, a magia equívoca da imagem fotográfica. As fotos são, talvez, os mais misteriosos objetos que compõem e adensam o ambiente que identificamos como moderno.
1966 - Si j'avais Quatre Dromadaires, pt Se eu Tivesse Quatro Dromedários de Chris Maker
O que me chamou a atenção no primeiro capítulo intitulado 'Na Caverna de Platão' - além, é claro, das definições impecáveis do que a significa fotografar, das diferentes significâncias da fotografia como um registro histórico cultural, político e social - são as citações de filmes correlacionados a fotografia e a ação de fotografar. Esbocei uma lista com todos os filmes citados no primeiro capítulo:
1963 - Les Carabiniers, pt Tempo de Guerra de Godard
Dois lúpen-camponeses preguiçosos são induzidos a ingressar no Exército do rei mediante a promessa de que poderão saquear, estuprar, matar ou fazer o que bem entenderem com os inimigos, e ficar ricos. Mas a mala com o butim que Michel-ange e Ulysse trazem, como triunfo, ´para casa, anos depois, para suas esposas, contém apenas centenas de cartões-postais de monumentos, de lojas de departamentos, de mamíferos, de maravilhas da natureza, de meios de transporte, de obras de arte e de outros tesouros catalogados de todo o mundo. O chiste de Godard parodia, nitidamente, a magia equívoca da imagem fotográfica. As fotos são, talvez, os mais misteriosos objetos que compõem e adensam o ambiente que identificamos como moderno.
1966 - Si j'avais Quatre Dromadaires, pt Se eu Tivesse Quatro Dromedários de Chris Maker
O filme faz uma reflexão argutamente orquestrada sobre fotos de todos os tipos e temas, sugere um modo mais sutil e mais rigoroso de enfeixar (e ampliar) fotos. Tanto em ordem como o tempo exato para olhar cada foto são impostos; e há um ganho em termos de legibilidade visual e impacto emocional. Mas fotos transcritas em um filme deixam de ser objetos colecionáveis, como ainda são quando oferecidas em livros.
1929 - Um Homem com uma Câmera de Dziga Viértov
O filme oferece a imagem ideal do fotógrafo como alguém em perpétuo movimento, alguém que se desloca em um panorama de eventos díspares com tamanha agilidade e rapidez que qualquer intervenção está fora de questão.
O filme oferece a imagem ideal do fotógrafo como alguém em perpétuo movimento, alguém que se desloca em um panorama de eventos díspares com tamanha agilidade e rapidez que qualquer intervenção está fora de questão.
1954 - Janela Indiscreta de Hitchcock
Janela Indiscreta oferece a imagem complementar: o fotórgafo representado por James Stewart tem uma relação intensificada com determinado evento, por meio de sua câmera, justamente porque está com a perna quebrada e confinado a uma cadeira de rodas, estar temporariamente imobilizado o impede de agir sobre aquilo que vê e torna ainda mais importante tirar fotos. Mesmo que incompatível com a intervenção, num sentido físico, usar uma câmera é ainda uma forma de participação
1966 - Blow Up, pt Depois Daquele Beijo de Antonionni
Antonionni leva m fotógrafo de moda a rondar convulsivamente em torno do corpo de Veruchca, com a câmera a clicar. Maldade, de fato! Com efeito, usar uma câmera não é um modo muito bom de aproximar-se sexualmente de alguém.
1960 - A Tortura do Medo de Michael Powell
Existe uma fantasia sexual muito mais forte no extraordinário filme de Michael Powell, que não trata de um voyeur, como o título sugere, mas de um psicopata que mata mulheres com uma arma oculta em sua câmera, enquanto as fotografa. Ele não encosta nenhuma vez em seus temas.. Não deseja seus corpos; quer a presença delas na forma de imagem e filme - as imagens que as mostram experimentando a própria morte - , que ele projeta numa tela, em casa, para seus prazer solitário. O filme supõe uma ligação entre importência e agressão, entre o olhar profissionalizado e a crueldade, que aponta para a fantasia central, ligada à câmera. A câmera como falo é, no máximo, uma débil variante da metáfora inevitável que todos empregam de modo desinibido. Por mais que seja nebulosa nossa coinciência dessa fantasia, ela é mencionada sem sutiliza toda vez que falamos em "carregar" e "mirar" a câmera, em "disparar" a foto.
Leitura: Sobre Fotografia, Susan Sotang
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